No dia 09 de julho, São Paulo comemora a Revolução Constitucionalista de 1932. A data, transformada em feriado civil em 1997, marcou o início de um dos principais episódios da história do estado. A Revolução foi um levante armado da população de São Paulo que, entre os meses de julho e outubro de 1932, combateu as tropas do governo federal. A reivindicação central do movimento era a destituição do governo provisório de Getúlio Vargas, que dois anos antes assumira o poder no país, fechando o Congresso Nacional e abolindo a Constituição. O levante é chamado de “constitucionalista” porque São Paulo pedia a promulgação de uma nova constituição federal. Mas o impacto da Revolução de 32 não se restringiu apenas ao campo da política: o levante foi também um dos principais marcos da formação da identidade paulista. Apoiada na ideia de que o estado é o “carro chefe” da nação, as elites locais aproveitaram o sentimento de união gerado pela revolta para reforçar seu discurso sobre o suposto “espírito” do povo de São Paulo. Dessa forma, elementos que vinham sendo construídos havia anos – como as ideias de pioneirismo e nobreza paulista – foram reforçados pelo poder ideológico da Revolução. Atualmente, a Revolução Constitucionalista de 1932 continua sendo um tema controverso da historiografia nacional. Há um enorme número de livros e artigos que discutem o assunto, e a memória da “Guerra Paulista” continua em disputa pelos mais diversos grupos. Também nesse 9 de julho se comemora o dia de Nossa Senhora da Paz, instituída a padroeira de Paraguaçu Paulista. A origem da devoção a Nossa Senhora da Paz tem suas raízes na cidade de Toledo, na Espanha. Existiu nessa cidade um templo consagrado a Maria Santíssima, muito venerado pelos fiéis, porque aí a Rainha dos Céus tinha visitado e agraciado Santo Ildefonso; entretanto, foi ele transformado pelos mouros em mesquita e profanado com cultos e ritos de sua falsa religião. Quando no ano de 1085 o rei Afonso VI tomou a cidade, viram os cristãos com grande pesar, que, nos tratados jurados por ele, ficava o templo em poder dos mouros. Partindo Afonso VI para Castela, deixou em Toledo sua esposa a rainha D. Constança e o eleito Arcebispo D. Bernardo, os quais, sentindo o desejo ardente dos cristãos e levados também pelo impulso de seus sentimentos que julgavam indigno estar o templo principal em poder dos inimigos, resolveram assaltá-lo uma noite, com pessoas armadas e apoderar-se dele. E assim o fizeram. Indignado o rei por não ter sido respeitado seu juramento, dirigiu-se à cidade resolvido a castigar severamente os principais autores daquela afronta. Grande foi o contentamento dos mouros em contraste com a tristeza dos cristãos. Vendo os cristãos que o rei já se achava às portas da cidade, saíram em procissão pelas ruas, vestidos de luto e cilício implorando clemência; outros no templo, de joelhos imploravam a Maria Santíssima que tocasse o coração do Monarca. Eis que, realmente, opera-se o milagre! Seu coração abranda-se inteiramente. Os mouros que antegozavam com o castigo que cairia sobre os cristãos e a vingança de sua injúria, começaram então, a recear que tudo aquilo voltasse contra eles, cerceando-lhes a liberdade, tornando-lhes a vida dura e insuportável. Pressurosos, apresentaram-se ao rei e, prostrados a seus pés, suplicaram-lhe que perdoasse a Rainha e o Arcebispo, deixando em poder dos cristãos aquele templo. Acedeu o rei com prazer aquele pedido, transformando a sua tristeza em alegria. Entrou a procissão triunfante na cidade, e, dirigindo-se ao templo da Virgem, renderam-lhe graças por lhes haver outorgado a paz à cidade de Toledo. E para que se perpetuasse na memória essa graça tão singular, instituiu-se a “Festa de Nossa Senhora da Paz” em 9 de julho.
Paraguaçu Paulista